quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

algumas fotos soltas que merecem destaque




...numa escola....passei por lá...semeei a confusão...:)











24/02

Sempre que tenho oportunidade escolho um par de fotos que tirei, com o objectivo de voltar a encontrar a pessoa (s) que nela aparece (m) e oferecê-la. A iniciativa já me parecia condenada ao sucesso, mas as primeiras ofertas obrigaram-me a um entusiasmo adicional. Fui ao mercado e entreguei-as aquelas duas velhotas que, noutra altura que talvez já tivessem esquecido, lhes ’roubei’ a imagem. As emoções que rodearam este ritual não são fáceis de descrever, com a agravante de que, num momento como aquele, apanhado de surpresa, é muito difícil ter a certeza sobre o que um Timorense está a sentir.




22/02


O dia está para acabar e lá fora ainda correm restos de uma chuva que não parou toda a tarde.
Quase ao mesmo tempo que me preparava para começar a almoçar, vieram requisitar transporta para uma grávida que se preparava para dar à luz e à falta de ambulância… pego no veículo e faço-me ao caminho, junto com um dos alunos do Ir. Vítor (o Saturnino) e mais umas crianças que queriam seguir o mesmo trajecto. Este era o mesmo trajecto que tinha feito semanas antes, por ocasião do transporte que descrevi anteriormente, e nada fazia adivinhar a vala que, no cimo da montanha, cortava a estrada propositadamente, por estarem a ser construídas manilhas para o necessários escoamento das aguas.




















A vala tinha cerca de metro e meio de altura e o que tinha sido construído para contornar aquele obstáculo era uma ‘ponte’ para os pares de rodas que apoiavam a carroçaria. O passadiço para as rodas do lado esquerdo já estava construído, e se havia dúvidas sobre os materiais e a forma como aquilo tinha sido construído elas foram prontamente desfeitas enquanto presenciei a construção do passadiço para as rodas do lado direito! Enquanto homens e crianças que tinham aparecido não sei bem de onde se empenhavam em completar a construção de tal forma que eu não conseguia distinguir quais deles eram remunerados e quais não, cortando troncos e colocando-os acima da vala e cobrindo-os com plantas e terra de uma forma que não me oferecia muita confiança, eu ponderava os prós e os contras de me arriscar a atravessar com o jeep aquele obstáculo, com o peso da probabilidade de a coisa não correr pelo melhor e, de um problema surgir outro maior e que traria talvez muitos mais prejuízos e complicações. Os 32 min que demorou o completar da construção deu-me tempo para pensar em arriscar e foi isso que fiz. Com as orientações desajeitadas do meu co-piloto e uma manobra que pareceu demorar mais do dobro do que aquilo que eu desejaria… consegui!!!
Segui caminho, mas mal tive tempo para me alegrar com o que tinha acabado de ultrapassar, avisto outra vala muito semelhante, e que me faz reflorescer uma preocupação que pensei ter deixado para traz. Fico um pouco triste com a situação e volto a ponderar não prosseguir caminho. Asseguram-me que não há mais obstáculos por diante e pego nalguma confiança que tinha conquistado e tento avançar. Consegui outra vez.
Volto a seguir caminho e, logo a seguir ao meu habitual pensamento de que ‘podia ser pior’ volto a encontrar outra vala e só aí tomo consciência de que depositei confiança de mais nas crianças que me asseguraram que não haveria mais obstáculos daqueles. Nesta fase invadem-nos aqueles pensamentos: ‘ já que estou aqui…!’, etc..

Já não sei se foi na outra vala a seguir ou noutra mais adiante, ao tentar trespassá-la, não aproveito bem o lado direito (a vala estava a meio de uma ligeira curva á esquerda) e não consegui colocar o carro de forma a que as rodas de traz estivessem alinhadas com os passadiços. Foi ai que as coisas se complicaram um bocado: as pequenas manobras que fazia pareciam colocar o carro numa posição cada vez pior, a roda traseira esquerda estava a aproximar-se do precipício do caminho, os pingos de chuva que tinham começado a cair intensificaram-se, e a minha paciência e optimismo estavam a dissolver-se com a aquela chuva no meio daquelas pessoas onde faltava alguém a quem eu percebesse melhor as suas indicações.



























Depois de mais uns momentos de ponderação decidi dar uso às pernas e iniciar corrida com meta imaginária em casa, onde iria buscar ajuda (o Aurélio). Nos 20 min em que não parei de correr, deu para me aperceber que, aquelas pingas grossas, que transformaram os caminhos em afluentes e fizeram com que não houvesse parte do meu corpo que não estivesse ensopada, deveriam corresponder, segundo as minhas estimativas, à chuva que tenho a andado a evitar e a fugir nos meus últimos anos de vida! Enquanto corria com aquela roupa a moldar-me todo o corpo, perguntava-me onde estariam as crianças e as pessoas que normalmente aproveitam para brincar e/ou tomar banho?...desta vez deviam estar elas a observar-me e a pensar sobre a peculiaridade da situação;)! Depois pensei: “…a esta hora (depois de almoço), esta chuva costuma ser a minha companheira para uma boa sesta!!”
Arrancamos noutro jeep emprestado e regressamos onde tinha deixado o jeep. No local já estavam mais vestígios da decapitação de mais umas quantas árvores e os troncos para alargar os passadiços continuavam a chegar ao ombro de mais um par de Katuas (velhotes) que entretanto tinham interrompido ali a sua viagem.
Por fim, e depois de mais uns acertos na estrutura e de umas manobras acertadas, conseguimos deixar aquela vala para traz. Mais à frente ainda passamos por mais umas três, mas essa já não nos impediram de chegar ao sítio onde a grávida ainda esperava para dar á luz. Com um ar que meio assustado, lá se deixou transportar pelo mesmo caminho, mas que desta feita nos consumiu muito menos tempo a percorrer.

20/02










Hoje é sábado mas o dia começa igualmente cedo. Como planeado, à nossa espera estavam cerca de 123 crianças :), divididas por duas escolas pré-secundárias (equivalente a escolas primária), para ouvir um reforço sobre o tema da higiene oral.
Assim que saio de casa, reparo no desfile de alunos que desciam a rua também eles a caminho da escola mas com outro propósito. Hoje devia ser o dia que eles têm destinado para a limpeza/manutenção da escola, e então era vê-los a descer a rua: além da imagem peculiar que formavam aqueles uniformes iguais a reluzir por ali abaixo, era engraçado vê-los cada um com um livro numa mão e uma catana ou um grande facalhão na outra – instrumento que lhes permitiria não ficar sem fazer nada e cortar qualquer coisa que fosse preciso (umas ervas, uma árvore, etc.).
Ah! As educações sobre higiene oral correram bastante bem, as educadoras, que são quem têm um papel mais relevante na execução destas iniciativas (e no planeamento também, de forma gradual), surpreendem-me bastante pela positiva.


































E os miúdos têm mesmo uma postura diferente daquela que estou habituado face a estas coisas, muito atentos e a maneira como respondiam às sucessivas perguntas fechadas que lhe eram feitas fazia lembrar um grupo de aspirantes militares; assim que as educadoras acabavam as falas com “…certo ou não?!” ou “…percebem ou não!?” ou “…conseguem ver ou não!?”, eles quase que na milésima que se seguia respondiam num coro bem sonante.

18/02

Ontem pelas 21h locais chagávamos ao final da nossa aventura. No dia anterior tínhamos saído cedo, com o objectivo de visitar duas das aldeias mais isoladas desta zona (Sasahi e Fatumakerek). Para isso foram dispensadas um total de cerca de 12h a andar, parte delas debaixo de chuva (cerca de 10:21h) e 01:13h debaixo de noite cerrada.
Todo o caminho justificava o isolamento a que estas comunidades estavam entregues: as paisagens em tons de verde que pareciam não ter fim (os tons e as paisagens!); estradas que pareciam ser o único vestígio da intervenção humana e, ora desapareciam, ora não existiam; os cavalos e os búfalos que pastavam com uma liberdade que nunca tinha presenciado… tudo parecia fazer-nos ver que não pertencíamos ali e nós fizemos questão em não deixar rastro da nossa passagem.















Chegamos a Sasahi duas horas antes do que a que éramos esperados. Fomos acomodados na casa do catecista, das poucas não tradicionais (não suspensa e com telhados de zinco), as camas de bambu, à semelhança de toda a construção da casa. Na mesa combinações simples mas que nos pareciam satisfazer por completo. E as pessoas… as fotos e os vídeos não me vão deixar esquecer a recepção do senhor Manuel, as crianças com os seus sorrisos a não condizerem com os seus ‘apertos de mão’ de adultos, etc.





...o chao nao é alcatifa;)!
...uma preciosidade nestas bandas...









Sr Manuel



















À noite as fendas das paredes de bambu não eram suficientes para deixar secar as roupas molhadas (as que foi possível descolar do corpo) e traziam para bem perto os sons da ribeira e outros.


Partimos para Fatumakerek mais tarde do que o previsto e na companhia de mais alguma chuva que me obrigou a optar por algum tempo pelas havaianas para poupar um pouco as minhas super magnificas fantabulásticas sapatilhas que, depois de muita resistência, sucumbiram às chuvas constantes ;)!




















Depois de mais uma dose de caminhos sinuosos chegamos. Nos meus pés pouco me separava da lama, na minha cabeça atropelavam-se várias músicas, e pensar naquela gente que por vezes se vê obrigada a transportar, não uma mochila – como eu, mas portas, janelas, cimento…!





Nestas condições está aqui a ser ultimada a construção de uma nova escola cujo projecto está a cargo dos ISJD. Aqui vi reforçada a minha ideia de que em Timor há uma coisa que chega a sítios onde a coca-cola ainda não chegou: o Supermi – uma espécie de massa algures entre a esparguete e a letria, e que eles comem até sem cozinhar e deve ser integrado nas refeições das crianças pouco depois do leite materno ;)! Aqui fui comparado à imagem de Cristo; segundo uma tradução do Ir Vítor de comentários em idaté (um dialecto) que umas senhoras faziam entre si (…;)!).
Voltamos (bem), com atraso, depois de algum caminho com visibilidade limitada por um par de lanternas. E pensar que a maior parte destes acontecimentos aconteceu enquanto vocês desse lado dormiam …;)!

14/02



No início desta semana completei uma cena caricata: fui buscar entre as montanhas uma grávida para poder ter um parto acompanhado no CS (mas sem urgência nem complicações), claro que na viagem traz-se sempre mais um ou outro familiar e outro alguém que apareça no caminho e que leve o mesmo destino; no dia a seguir dei por mim a fazer o percurso inverso, a mãe com menos peso e o rebento já a respirar o mesmo ar que nós … e a discutirmos o nome do miúdo ;); só marquei posição para não lhe chamarem Cristiano Ronaldo… e disse que Pedro era uma boa opção;)!
Hoje fui obrigado a interromper a cesta para receber os familiares da recente mãe, tinham na mão uma galinha e um saco de xuxus para me oferecer!!!.... Agradeci e prometi a mim mesmo oferecer a foto que tinha tirado com eles assim que deixei aquela família em segurança!





12/02

Á dias uma funcionária do RSRP (centro de apoio a doentes com Tuberculose) falou-me sobre a dificuldade que duas das doentes tinham em dormir, que talvez fosse necessária alguma medicação para as ajudar. Quando falo com elas, inicialmente vejo que tudo se confirma mas, por entre as habituais particularidades da conversa (Malai/Timorense)… consegui aperceber-me melhor do dito problema: ao que parece as senhoras tinham problemas em adormecer durante a tarde…J!!... à noite o seu padrão de sono era normal…quase com a mesma dificuldade que tive em descortinar a situação, tentei explicar ás senhoras sobre a inecessidade de acrescentar mais medicamentos ao seu tratamento por aquele motivo, se bem que por outro lado percebo-as já que começo a partilhar quase regularmente do habito de uma boa cota de ‘descanso’ para facilitar a digestão ao corpo ;)!

São vários os reconhecidos esforços para que a residência funcione conforme as regras que estão estipuladas, mas as dificuldades são igualmente sentidas. A maior delas prende-se com o isolamento destes doentes, tão necessário quanto difícil de aplicar neste contexto.






















Às vezes, a preocupação em não colocar no mesmo quarto dois doentes em fases do tratamento muito diferentes culmina com a constatação de que a cama que fica vaga no quarto de um ou de ambos os doentes é utilizada para a pernoita do familiar, sendo ainda mais elevado o risco de contágio para o exterior. Isto obriga a uma delicada ponderação dos casos, além da permanente preocupação em fazer ver a todos a justificação de tais regras.
Claro que isto seria mais fácil de por em pratica se houvesse uma presença quase 24h na RSRP, mas tal não é possível neste momento; talvez um dia destes eu faça lá umas noites ou umas aparições ‘relâmpago’ ;)!

07/02

“Um pé apertado, o outro solto, o mundo não lhe servia. Ia fazer um para si, à sua medida.”
Rocha, M., 2003, A vida numa colher – Beterreba, Edições Polvo, Lisboa.



“Branco. Como uma folha de papel limpa, como marfim por trabalhar, tudo é branco quando começa a história.”
Mason, D., 2003, O afinador de pianos, ASA editores, Porto

02/02

Hoje acabei de ler um livro assim (a última frase):

“Afinal, talvez devêssemos todos desistir de tentar retribuir às pessoas que sustentam as nossas vidas neste mundo. Afinal, talvez fosse mais sensato rendermo-nos diante do alcance miraculoso da generosidade humana e limitarmo-nos a dizer incessantemente obrigado, para sempre e sinceramente, enquanto tivermos voz.”

Depois disso, estive ao início da tarde na RSRP (Residência S Ricardo Pampuri), que dá resposta aos doentes portadores de Tuberculose, e onde já posso dizer que há um gabinete de enfermagem.



















Entre outras coisas, troco ditongos com um miúdo (o Derlio) que anda sempre por lá, é neto de uma senhora que esta lá internada e como a filha dela (mãe do miúdo) está sempre lá para lhe fazer a comida… Acontece é que ele fala um bocadinho de 3 línguas, onde não se inclui o português (Bahaza Indonésio, Tétum e Idaté – o dialecto aqui da zona), mas como só tem prai 3 anos, mistura tudo… e o meu tétum também é quase o equivalente á idade dele….: )















… e fui acabar a tarde a dar aulas de informática (imaginem!) a 3 funcionários aqui do centro de saúde; como aquilo decorre a um ritmo bastante diferente, e eu levo as coisas nas calmas (“neneik” – é um verdadeiro teste á minha paciência)… quando reparo para o relógio apercebo-me também que já estou ali á duas horas…:)!













No regresso a casa (não muito longe do sitio onde estava) experimento uma nova modalidade radical: descer a avenida principal da vila em “noite cerrada” no banco de traz da Zundap (lambreta) do Izidoro, com poucos mais pontos de referência do que as estrelas, mas sem astrolábio…: )!...quando ele tinha duvidas ligava o pisca, não sei se para o ajudar ou para avisar os outros do perigo : )! “Izidoro! No dia que bebas mais um copo já não chegas a casa…” (…a tempo de bater na mulher :)!). disto já não tenho fotos, mas seria algo assim:

31/01



Não sei bem ainda a quantas pessoas devo agradecer, mas…sinto isto desde a primeira carta que abri, e me apercebi que se trata de uma iniciativa extraordinária e que me vai alimentando mais os dias!!! Obrigado, Obrigado, Obrigado!
… e se um dia um dia um filho meu quiser pertencer aos CTT, vai ter todo o meu apoio e vai-me deixar tanto ou mais orgulhoso do que o outro (filho) que consiga romendar a camada do Ozono…!:)!... a sensação de quem recebe…os sentimentos de quem envia…!Obrigado!!

27/01

Hoje, enquanto vocês dormiam (ai deviam ser umas 2h da madrugada), acontecia numa destas aldeias remotas (Funar – não é a mais isolada) o primeiro rastreio de Tuberculose reforçado com acção de educação para a saúde que temos calendarizado.
Depois de uma sessão de esclarecimento á população sobre o tema, com uma boa prestação por parte de duas das educadoras com quem tenho trabalhado, houve tempo para colheitas de expectoração de casos suspeitos de Tuberculose e de testes rápidos de Malária. Nesta parte ajudei dentro do possível o técnico Izidoro com as burocracias (registos etc.).

A dada altura o Izidoro pede-me para fazer o teste da Malária a uma criança com os seus 6 anos. Quando lhe pego no polegar reparo que as mãos estão com uma camada de surro que aquela tira de álcool não ia conseguir tirar. Mesmo assim faço o possível. Depois pego na lanceta para picar o dedo do miúdo esperando a reacção tipo (um grito, choro, uma expressão de dor), mas que não aconteceu; nada acontece, nada de reacção e nada de sangue. Tudo aquilo parecia não bater certo; era uma criança que estava á minha frente, mas a única coisa que sustentava essa ideia era o seu tamanho e pouco mais. As mãos estavam gastas, sujas, com uma dureza que mais fazia pensar nas mãos de um adulto que poucas vezes pegaram numa caneta mas que, em vez disso, foram rentabilizadas assim que ganharam alguma força…
Apercebo-me de pequenas coisas, como as crianças que brincam de forma tão diferente, porque as circunstâncias assim o exigem. Nesta aldeia reparei em várias com o que parecia ser uma grande cigarra (ou então uma prima muito chegada), e deliciavam-se com o som que era produzido ali nas suas pequenas mãos, por entre a vontade do bicho em se escapulir dali e o gesto calmo e inocente da criança em prendê-lo, ora por uma pata ora por uma asa… é legitimo pensar em brinquedo ecológico!






26/01

E os dias vão passando, o planeado vai-se executando, e a aprendizagem é contínua, ás vezes silenciosa e surge de vários pontos, grande parte dela ‘não certificada’ ;), mas como alguém que eu muito respeito costuma dizer: “o saber não ocupa espaço!” e como sempre fiz, atribuo a toda ela igual valor…à dias aprendi a fazer conservas com (atenção) aquele sistema de vácuo em que depois a tampa estala ao abrir pela primeira vez : )!

24/01

É domingo. Aqui é também um dia diferente; depois da cerimónia que lhe pertence faço sempre por acompanhar alguém que esteja escalonado para ir ao mercado que neste dia é bastante mais povoado e concorrido que à quinta-feira : )! Raramente levo dinheiro, e o que trago são sacos de fotografias:


















Esta senhora como muitas outras, está a mascar uma substância que não fixei o nome...

Em dias de mercado, acontecem também os dias de ‘futu manu’ (luta de galos), e o peso e medida destes eventos costuma ser (segundo dizem) proporcional. As mulheres não são bem vindas, a hora não é fixa e o início depende de muitos factores circunstanciais (se há dinheiro para apostar, se não chove, etc.), e talvez por isso não tenha ainda estar perto disto que é tradição por estes lados. Das vezes que o tentei, ou não tinha começado nem se sabia para que horas estaria previsto o inicio, ou a ‘coisa estava fraca’ e via-se meia dúzia de pessoas dispersas pelo recinto na companhia da sua mascote (quase sempre presa por uma pata) que não deixavam que passassem dois segundos sem se ouvir o grito de uma delas (…).
Mas hoje consegui ver o recinto um pouco mais agitado, apesar de que tinha ideia de ser um evento mais animado; dizem-me que em Díli sim, há mais agitação, os recintos são mais e mais reduzidos o que da mais fervor a quem assiste – agendo a mim mesmo -uma visita a uma luta de galos em Díli. Por Laclubar as coisas são mais calmas, mais dispersas; no tempo que por lá estive, só observei uma ou duas picardias; pequenas achegas que se fazem para treino ou para testar os intervenientes.
A noite já estava a querer mostrar-se quando surge de algures o que ao longe parecia um andor sem procissão; 5 ou 6 homens transportavam entre dois grandes paus de bambu uma cadeira plástica modelo tipo de esplanada ocidental que segurava uma pessoa tão embrulhada naquele tecido que só mostrava a cara e os pés descalços.
O enfermeiro Adérito (enf. Director) que também estava presente no futu manu acolheu o andor no centro de saúde (que é paredes meias com o largo onde estávamos todos). Quando destapamos o homem, a tumefacção no tórax, a dificuldade em respirar, as dores… Pneummotorax, o ar já se espalhara por aqueles tecidos conferindo-lhes uma consistência diferente (característica). Ao que parece, um copo a mais, uma queda desajeitada e … Sem Rx, sem aspirador de baixa pressão etc. : ) as decisões foram a parte mais rápida: carta de transferência, soroterapia e mandar para Díli. A noite já tinha caído e pela frente ainda estavam cerca de 4 horas de dura viagem na ambulância vai permitido alguma resposta a este tipo de casos.