terça-feira, 22 de dezembro de 2009

antes de voltar

so uma pequena mesagem de agradecimento pelo que fazem chegar a este canto. e desejar um Bom Natal e Bom ANO (cheio de trabalho:)!!!)

eu devo voltar aqui a meados de Janeiro e conto nao dar tanta seca...:)

de volta a DILI

Agora de volta á cidade, ao maior calor, aos aglomerados de gente e de animais: 1 galo por cada 4 habitantes; 1 porco por cada 0,5 habitantes, 1 galinha por cada 0,3 habitantes, um mosquito por cada 0,0001 habitantes ( Fonte nao oficiais)!!! Mas as coisas boas equilibram tudo isso… como esta oportunidade de poder partilhar estas coisas contigo!!!!

…deixo mais algumas fotos sem legenda; ou com muitos títulos:













19\12

Hoje já estou por Dili; houve um piknik numa praia que ficava de caminho, e eu combinei boleia com Irmão Vitor, mas á moda antiga, ou seja, como o telemóvel esta para 3ro plano, depois de umas duas horas de espera e alguma calma, lá aconteceu como planeado e fui resgatado na dita praia (muito bonita por sinal e que esteve quase sempre deserta). Mas agora que tenho mais tempo, quero contar o que ontem fez de um dia que parecia normalíssimo, mais um dia especial!









O dia tinha girado em torno do almoço de despedida por culpa do fim da temporada de trabalhos realizados por um grupo de 5 brasileiros na construção do Centro de Crise. Ao que parece, os homenzinhos chegaram e em cerca de 6 meses puseram aquilo em pé – dizem que aquilo vinha em peças do Brasil e era só montar, mas … em 6 meses… fizeram muito boa figura. Depois do almoço ainda deu tempo para juntar uns aprendizes de frades para um jogo de basquete… era cada um pior que o outro…( eu inclusive)!!!

Acontece que antes de jantar sou avisado pelo Vitor para não esperar por ele para jantar; tinha que ir levar a parteira a um parto mal parado numa aldeia (Funar). A ambulância que deveria fazer esse serviço estava avariada e estava a ser solicitado o jeep dos Irmãos para essa urgência. Claro que fiz para ir com ele, meti duas bolachas na boca e …
Dois familiares da senhora tinham feito o caminho, por atalhos mas com igual desgaste, para fazer o que noutro contexto representaria uma chamada para solicitar ajuda…!! Ao que parece o bebe tinha nascido mas a placenta continuava a fazer sangrar a mãe.

Já não bastava a aldeia ficar a uns 40’ de caminho, ainda teve que se adicionar mais uma hora para cortar o tronco que ainda estava no meio da estrada desde o dia anterior, e mais o piso piorado pelas linhas de água que se criaram com as ultimas chuvas.

Desta feita a situação do tronco foi prevista, munimo-nos de homens e utensílios (…), e com a ajuda do guincho do jeep... escrito assim ate parece que foi rápido e fácil… mas o tempo que se perdeu… depois do tronco houve mais paragens para tirar grandes pedras do caminho que, á quantidade delas, só não atingem ninguém porque é (quase) ninguém que por ali passa. Mais á frente a agua tornou o caminho numa ribeira…mais uma paragem para tentar refazer o caminho possível á passagem do veiculo…!
Ao chegar, mantinha-se a esperança em que nada de pior tivesse acontecido, mas não pensei que o desfecho das coisas ainda estivesse a depender propriamente da nossa chegada… depois de deixar o carro ainda tivemos que palmilhar caminho de lanterna por um terreno nada próprio para pessoas sedentárias quanto mais para parteiras obesas e desajeitadas… J! No caminho alguém se meteu com o Vitor: ‘Irmão! Quase parece que vamos ver o menino Jesus…!’
A casa era, como quase todas, do mais tradicional, ‘suspensa’, um só telhado, com materiais tradicionais (bambu nas paredes e colmo no telhado). Inicialmente fiquei fora da casa com vizinhos etc. a ouvir, entre outras coisas, os gemidos da senhora. Depois a parteira perguntou por mim e incentivou-me a entrar. Depois de hesitar descalcei e subi.



Escusado será dizer que aquela cena toda foi…único. Assim que entrei senti varias presenças naquele tecto encobertas pela penumbra de uma lareira meio apagada, mas Dirigi-me para onde havia luz. Num canto, a senhora estava deitada, pálida, devidamente resguardada e com as pernas a apontar para as parteiras (sim, uma parteira já lá estava, mas como a coisa não correu como o previsto…). De lanterna na mão e sem saber muito bem o que fazer nem o que dizer (…), reparei que o soro estava a correr para a esteira, tinha saído o cateter, e com a minha linguagem Pictionary (meio português, meio Tetun, meio expressão corporal) perguntei se era legitimo picar a senhora. Repuncionei a senhora e no fim disse baixinho a minha celebre frase: ‘Somos uma equipa!!!!:)!
Depois de umas massagens abdominais e mais uns quantos gemidos as coisas parece que ficaram meio resolvidas. Depois de trocarmos agradecimentos não quis sair sem saber do recém-nascido. Depois de me fazer entender, dirijo a lanterna para outro canto do espaço e ponho a descoberto umas 3 gerações de pessoas que deviam perfazer umas 10 pessoas, e no meio delas, nos braços de uma criança, estava o bebé embrulhado… foi muito forte… muito boas imagens que ficaram gravadas (em mim claro).
hoje, no dia em que estou pela terceira vez a tentar por isto do blog como deve ser, soube que o bebe nao resistiu...:(

17\12

Os dias aqui passam rápido, apesar de este mês me ter sido destinado como de integração, há sempre coisas para fazer e que eu também não me recuso em participar: apanhar fruta, fazer compotas, lavar roupa, cozinhar (um pudinzinho bem bom que eles fazem aqui, etc.), pegar na enxada, ajudar nas obras aqui em casa e nos preparativos para o Natal que vai contar com a chegada de altas patentes dos Irmaos S Joao de Deus aqui a Laclubar, o que vai implicar alta festarola. Hoje de manha subimos á montanha aqui perto, Mauber. Contávamos demorar menos tempo, mas no cominho, já de si difícil, demos com uma árvore atravessada no caminho e, depois de tentar sem sucesso desobstruir a via (tb com a ajuda do jeep), la se teve que ir a pé. Mas antes o Aurélio ainda teve tempo de meter o jeep na valeta, bem enterrado, o que nos fez perder ali mais meia hora num exercício de Camel Trophy para conseguir trazer aquelas rodas para a estrada. La em cima nada de rede, apesar das tentativas (foto). Vão acontecendo umas coisas, mas a rotina de escrever não sei se a consigo manter. Vou tirando fotos e tentar dar-lhes prioridade. Só que a net aqui não é muito amiga do upload de fotos por isso vamos a ver como se consegue gerir isto J. Já comecei a ter uma ideia daquilo onde me devo debruçar. Muito sucintamente, vou estar na área da formação e actualização de agentes de saúde para o centro de tuberculose (já a funcionar) e para centro de crise (saúde Mental – prestes a ser inaugurado) dos Irmãos. O grosso desse trabalho vai residir em pegar nestes agentes de saúde e calendarizar educações para a saúde e rastreios de forma a percorrer as aldeias que pertencem a este sub-distrito, e que deveriam recorrer a Laclubar aquando de uma necessidade de saúde ou por rutina, mas que não o fazem porque a distancia e a falta de acessos as tornam completamente isoladas, completamente afastadas de qualquer ritmo de desenvolvimento que possa existir nesta ilha.















Ah! Já me esquecia, hoje o vizinho da frente matou um Karau (tipo búfalo), e então o bicho foi sendo cortado e vendido ao longo do dia às pessoas que passavam. Quando não há frigorifico, pouco se pode conservar, nada se pode estragar.

13\12

Este fim-de-semana já estava planeado para, ir ate Baucau.
As pessoas que falamos (religiosos na sua grande maioria) pareceram-me pessoas bastante especiais. As conversas giram quase sempre em torno de um país criança, questiona-se esta ou outra decisão do poder central, criticam-se outras tantas, mais uns quantos rumores de ‘vão construir isto’, ‘estão para avançar com aquilo’, ‘o nosso embaixador …’, ‘os australianos…’, ‘em Dili…’, etc.

















Claro que uma saída destas implica varias horas de viagem com o jeep a ser rentabilizado ao máximo com boleias e afins, por caminhos que não possibilitam velocidades superiores a 21Km/h,; mas que possibilitam outras coisas: conhecer outros sítios, apanhar rede de telemóvel e, para tornar a coisa perfeita, ter acesso á net – coisa que nesta saída não foi possível. O regresso a Laclubar fez-se num final de tarde nublado, com pingos de chuva a quererem equilibrar os 38 graus que se faziam sentir (no exterior; os Malai’s têm ar condicionado); e a noite parecia estar a ser fotografada por alguém com flashes de trovões que, junto com os faróis do jeep pareciam incomodar a escuridão que cobria os animais e as pessoas que se iam avistando pelo caminho.

10\12

… No caminho para o terreno vemos um cavalo que já ontem tinha reparado nele pelo magro que estava. Hoje já não conseguia contrariar a gravidade; estava deitado, quase imóvel. O Irm Vitor disse-me que além de ser causa destes últimos tempos de seca, ele devia estar com alguma parasitose; que eles não matam o cavalo por respeito mas que assim que ele esta para morrer, rentabilizam-no.


Um par de horas mais tarde, a concordar com o que me tinha sido dito, já estavam de volta do cavalo umas 5 pessoas, e não era para o tentar salvar…

10/12

Ontem não falei, mas temos também galinhas, dois cavalos de pequeno porte (que ou engordam ou então não podem comigo) e duas cabras. As cabras são excepcionalmente mansas, parecem dois cãezinhos: vêm ter com as pessoas… só querem mimos! Só para terem uma ideia, o Irmão tinha-as comprado para consumir nesta época do Natal, mas o lugar que elas conquistaram torna muito difícil essa decisão; toda a gente lhe pede para as deixar viver, o que é muito pouco usual por estas bandas…! Começou a chover, quase toda a tarde de ontem, já era esperada á algum tempo esta água; se viesse antes evitava as viagens que fizemos bem cedo para ir buscá-la á ribeira, com baldes e garrafões á espera que uns fios de nascente lhes tirassem o ar. Hoje outra vez tarde de chuva (trovoada), e estamos a entrar nos dias que parecem ser habituais: sol de manhã e chuva de tarde; de qualquer das formas aproveita-se tudo (sol e água) …








(á esquerda - monta-se uma caleira para aproveitar a agua das chuvas; á direita: lava-se alguma roupa bem cedo – a rodear o sitio estão muitos pacotes deste detergente que ao que parece é largamente usado não só para lavar a roupa mas também o corpo e os dentes J- é o chamado genérico)


… No final do dia apanho boleia para a zona onde os funcionários brasileiros precisam de telefonar e aproveito para dar algum sinal para o exterior. Termino com umas batidas no teclado, que às vezes dá vontade de as transformar em pancadas mais valentes e generalizadas pelas vezes que o portátil se desliga sem explicação aparente!

09\12 contin

Depois dos galos a cantarolar, sinto um som muito perto que, segundo o programa que me tinha sido transmitido, seria o toque de um sino mas que em muito pouco se parecia com isso. Inicialmente pensei que era alguma brincadeira, parecia que alguém estava a bater com um pau numa panela ou um tacho mais resistente, não fosse pelo ritmo a que essas pancadas apareciam entre aqueles sons da manhã. Levantei-me pouco depois quando senti gente, e porque não estava certo se estaria atrasado para alguma coisa. Eles estavam a levantar-se e preparavam-se para ir buscar água. Acompanhei-os, e mal iniciamos caminho, deparo com a explicação para aquilo tudo: o ‘sino’ é na verdade uma botija muito velha, semelhante a essas que enchem e fazem flutuar os balões de crianças vendidos em festas.





Já é noite, lá fora o som do gerador ainda se mistura com o dos grilos entre outros. Chego ao final da tarde cansado sem grande motivo que o justificasse. Estivemos a visitar os ‘edifícios’ (centro de saúde, centro de Tuberculose + o novo centro que esta a acabar de ser construído para dar resposta ao tratamento de doenças mentais), tantas caras novas e parecidas; para facilitar cumprimento toda a gente. De tarde choveu bastante, quase toda a tarde, já era esperada á algum tempo esta água; se viesse antes evitava as viagens que fizemos bem cedo para ir buscá-la á ribeira, com baldes e garrafões á espera que uns fios de nascente lhes tirassem o ar.
Ainda assisti a uma pequena reunião com algumas educadoras que vão às escolas fazer educação para a saúde e um dia por semana (no dia da consulta de saúde materna – quarta feira) estão no centro de saúde a fazer formações de corredor enquanto esperam pela consulta com a parteira. O centro é razoável (…), tem zonas mais degradas mas, segundo o IrmVitor, aquilo estava muito pior quando eles chegaram cá.

9\12 cont

Tentei sempre não fazer projecções sobre o que aqui iria encontrar, e é ainda muito cedo para poder transmitir como são as coisas aqui, mas tudo me remete para uma grande simplicidade. As casas são de uma construção muito básica e com muito poucas divisões. Sinto-me transportado para um tempo que os meus pais sempre fizeram questão de me falar, algures antes do 25 Abril, num tempo de muitas necessidades (quando comparado com os tempos que hoje se vivem), muito trabalho, muitas dependências dos recursos naturais, a maneira como se vestem e se relacionam, o papel central da religião, etc., mas não necessariamente um tempo de tristeza.



Olho para estas crianças, que mais parecem senhores de um outro Portugal dos Pequeninos, quase sempre descalças, e que cedo começam com as suas responsabilidades, as suas rotinas de buscar água etc., devem ter os seus períodos de criança, de brincadeira, mas esse deve ser um pequeno período dos seus dias já que, ou estão a fazer algum recado, ou a buscar água, ou estão no mercado a tomar conta de qualquer coisa que seja preciso vender. E fora isso, as brincadeiras podem muito bem passar por coisas como tomar conta de irmãos ou primos mais novos em vez de o fazer com bonecas ou carros. É normal ver miúdos de cerca de 5 anos a dar colo e cuidar de outro com metade de anos de vida.

9\12

09/12
São quase 6h, lá fora começam os primeiros ruídos e eu opto por escrever algo mais do que ontem se passou. Vou tentar ser o mais conciso, o menos descritivo, não muito pormenorizado.
Realmente o caminho é muito variado nas condições que oferece, variando entre o mau e o quase intransitável caminho; às vezes achava que estava numa prova de todo-terreno. Demoramos mesmo umas 4 horas a chegar. E pensar naqueles que fazem a viagem em ‘angunas’ atulhadas de gente, animais e tudo o mais que para lá couber. E pensar no caminho em dias de chuva intensa como se espera por estas alturas. E pensar no irmão Vítor a fazê-lo de lambreta até á bem pouco tempo atrás.


O nosso jeep levava umas 12 pessoas (entre crianças, katuas e jovens), as minhas pernas vinham encaixadas entre pastas e sacos e não estavam muito pior instaladas que as pernas dos demais; a maior parte dessa gente vinha na parte de trás aos saltos entre malas e compras feitas na cidade.
Depois de não ter conseguido fazer valer os meus gostos musicais, o rádio passou a tocar o já por aqui aclamado Tony Carreira, entre outras músicas da Romântica FM (esta parte é que me fez pensar que não ia aguentar J…!).

domingo, 20 de dezembro de 2009

antes de conseguir por as coisas como deve ser. nao apaguei esta mensagem por respeito aos comentarios...:)

bem....tinha escrito umas coisas pa colocar no blog, mas este pc nem word tem para reconhecer o que eu escrevi....
aproveito esta vinda para deixar fotos...amanha ou logo vou tentar ir a outro sitio ver se arranjo melhor isto.






o sino, situado quase ao lado da nossa casa. ao que parece 'e assim em quase todas as igrejas, variando na cor da botija (ja as vi mais personalizadas) e na quantidade da ferrugem...:)






quando o visinho da frente matou um Karau (tipo bufalo)...a venda a quem passava fez.se durante o dia: quando nao ha frigorifico, pouco se conserva, nada se estraga...:)










encontrei esta especie rara de Malai:)

































lavagem a frio :)














no mercado











quando chove...

algures na montanha

depois de um parto mal resolvido


a caminho de um parto mal resolvido


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

07/12/09

O dia começou muito cedo, 5:30. Aqui não há só aglomeração de pessoas em pequenos espaços, os galos e as galinhas também acompanham esta tendência e acordam muito cedo com cânticos á desgarrada. Depois de um bom banho de ‘tigela’ e de um pequeno-almoço bastante bom, toca a lavar alguma roupa e estudar uma outra palavra de Tétum. Pude aperceber-me pelo stock de roupa que o Aurélio trazia na pasta dele, que nas montanhas esta mais complicado para lavar a roupa; ou se transporta a água para casa, ou tem que se ir ao rio, e a água parece que não abunda nesta época.

Amanha esta prevista a subida á montanha, onde devo ficar mais permanentemente, por isso aproveito o dia de hoje para tentar encontra-me com algumas pessoas, alguns contactos que me forneceram, que não conheço bem, mas que importa conhecer para aumentar o círculo e não ficar tão dependente do dia-a-dia dos meus parceiros, os ISJD.

Entretanto esta noite abri a pestana – 3 e pico da manha, horas decentes em PT, e lá consegui ter as primeiras conversações.Contei algumas coisas rápidas: que tive pena não ter conseguido publicar o vídeo do protesto da Fretilin, que estava bem, etc. E lembrei-me da toma do Mephaquin. Aqui ninguém valoriza esse medicamento. Os efeitos secundários mais um ou outro mito de que não faz nada a não ser mal ao organismo, de que se tiver que apanhar apanho na mesma… que o irmão Zé Antº tratou a malária que apanhou só com plantas medicinais dá para uma pessoa se questionar… mas eu lá vou tomando. Hoje senti uma dor nas costas, nada de grave, mas uma pessoa começa logo a pensar se não será efeito secundário do raio do medicamento ou de uma ou outra picada que já fui sendo vitima apesar do repelente.

Pelas 10 e pico saio de casa depois de falar com a Clarice e de ter rejeitado a boleia dela com o pretexto de ir andando ao meu ritmo, de tentar estar mais próximo dos locais, de me misturar portanto. Bem, depois de alguns minutos a seguir a berma da estrada ao calor reparei que foi má opção; levei uns 40’ a chegar lá e deviam estar uns 42 graus. Conheci mais uns amigos portugueses que por cá decidiram ficar a trabalhar (e não eram militares); e almoçamos por lá uma salada de polvo mais um batido. Trouxeram-me a cada – consegui dar-lhes as indicações por entre as ruelas cinzentas de poeira a rodear linhas de água secas mas preenchidas com animais (porcos, cabras, etc.), crianças, homens a crivar areia, pequenas regos húmidos de esgotos, algum lixo a saltear tudo isto e muitos sorrisos gratuitos, muitos cumprimentos aos Malai’s que vão passando frequentemente.

Depois de chegar e de satisfazer a sede que tinha acumulado, chegam os meus parceiros de casa. Começa-se inconscientemente a preparar uma sesta, o corpo já vai pedindo algum desse descanso. Eu não consegui resistir a um valente sono depois de uma pequena sessão de leitura. E acordo de um sono pesado (que me faz pensar se este não foi o verdadeiro sono e se de noite é que ando a fazer as sestas) com o telemóvel a tocar. Eram os meus pais a ligarem-me, soube bem ouvi-los! Entre muitas outras coisas, foi bom sentir uma certa união na maneira como falaram comigo; e trocamos tranquilizantes (…).

De tarde o céu ameaçou e choveu mesmo, gotas grossas a martelar no telhado de zinco quase a fazer lembrar estilhaços de qualquer coisa. Um dia destes começa a ser complicado fazer o caminho Laclubar-Dili por causa das chuvas, eles têm-me assustado com as condições do caminho.

Esta acaba por ser uma época meio especial, depois do fim-de-semana, hoje e amanha é feriado, a maior parte dos Malai’s parece que estão fora da cidade (fala-se que atulhavam a ilha de Jako – paradisíaca, tenho que lá ir sem falta, e Bali – também é a zona onde penso dar uma escapadela mais longa), e começam por outro lado a preparar as viagens de Natal. Eu começo a preparar-me para entranhar-me ainda mais na ilha, na língua, na cultura, nas necessidades.

No silencio da noite, dou por mim a sentir ao longe ruídos de sirenes, buzinadelas, transito, chego até a assomar-me á janela a pensar que se possa tratar de mais um protesto desta feita mais aceso, mas não, oiço só mais um galo a cantarolar aqui, outro cão a ladrar lá longe, e reparo que a minha cabeça ainda não esta bem calibrada para estas noites.

08/12

Acordo um tempo antes de ouvir os cânticos dos Irmão na casa ali ao lado, cerca das 05:30 – este pessoal não brinca. Estou a ficar fã do banho de tigela, se bem que acho que se gasta mais água, mas sabe mesmo bem.

Acho que ainda aqui não disse, mas aqui a rede Optimus não tem roaming e por isso não tenho ligado o respectivo cartão, comprei um cartão dos daqui (00670 7617856), podem mandar mensagens ou perder a cabeça e trocar umas palavras comigo, eu estou longe e prometo que não conto a ninguém algum ou outro segredo:)! Na montanha a rede vai estar mais circunscrita a uma pequena zona que, ao que parece fica a 30’ de caminho a pé; embora haja rumores de que muito em breve toda a ilha vai estar abrangida por rede de telemóvel.

Hoje parece que há por aqui a inauguração de uma catedral; não sei se é por isso que se ouvem uns voos de helicóptero mais rasos á terra. Vou pensar que sim, ou que se trata de mais um exercício de treino com efeito e justificação duvidoso.

Entretanto recebo de longe uma noticia que transporta para bem perto. Vou ser obrigado a actualizar o meu currículo e acrescentar o título de Tio! Entretanto, daqui ate ao momento certo, espero estar á altura do ‘cargo’ e não perder muito dos primeiros momentos de vida. Apesar de muito longe geograficamente, fico a torcer para que até esse dia, tudo corra muito bem que se vivam bons momentos de gravidez e tudo o que isso envolve.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Á parte disso, tenho sido bem tratado, boas acomodações, boa comida – também não sou muito esquisito, mas tenho noção que isto faz quase parte do protocolo de boas vindas e que na montanha a coisa vai ser um bocado diferente. Noto isso nos desejos que este pessoal que me acompanha tem quando desce á cidade: agora crepe, mais logo pizza, á noite internet…:)!


...num bairro de Dili (Becora).


Por fim chego a Díli. Até agora tudo eram projecções, tudo eram rumores (que eu evitava). Tudo que eu disser é baseado numa ideia muito superficial com base no pouco tempo que aqui estou, por isso vou evitar fazer qualquer juízo.


O que se vê é uma cidade gasta, com aglomerados de populações e comercio muito pobres, muitas das pessoas dormem no mesmo sitio onde durante o dia vendem qualquer coisa (garrafas de gasolina, amendoim, manga, maracujá, etc.). Esgotos a céu aberto, rios secos pelo calor e pela falta de chuva que esta atrasada. Claro que há jeep’s, muitos da UN, e meia dúzia de edifícios que assim se podem realmente chamar, embaixadas, um ou dois hotéis, etc., mas esses estão quase sempre nas mãos dos ‘Malais’ australianos, portugueses ou outros.

Entretanto está já em construção o futuro ‘Shoping Timor Plaza’, que deve estar pronto antes do primeiro sistema de esgotos ou da Primeira estação de tratamento de água residuais, ou do que muitas outras coisas. E pergunto-me quem poderá lá entrar, os pés descalços que preenchem estas ruas? Os poucos ‘Malai’s’ que passeiam de jeep? … Talvez também isso faça parte da reconstrução.

Mas a verdade é que se sente uma calma meio frágil, volátil. Deu para reparar nestas 24h um crescente de policias nas ruas que culminou hoje com uma (grande manifestação de apoiantes da Fretilin – principal partido da oposição (acho eu). Á frente da manifestação desfilava um grande contingente policial, não sei se para amedrontar a população que se acumulava na berma da estrada, se para rapidamente tomar conta de alguma situação/manifestação menos permitida. Fico sem saber o porque desta manifestação: será pelo descontentamento do povo que vê o poder nas mãos de extrangeiros e desespera por melhores condições?; ou será pela presença de alguma alta patente ou da eminência da tomada de uma importante decisão para eles?

...depois de Singapura

Depois de ter saído do aeroporto e de ter regressado (cerca das 23h) do centro de Singapura com a ideia de que tinha sido bom, que tinha aproveitado, atingiu-me uma pequena aragem de arrependimento quando reparo que não posso entrar para a zona de embarque sem o respectivo cartão de embarque que só podia ser obtido duas horas antes do meu voo (pelas 7h já que o voo era ás 9:20). Sendo assim, fiquei apenas a poder usufruir de cerca de 0,5% das mordomias, afastado de zonas de descanso com cadeirões confortáveis e musica a rimar com sonolência, zonas de ecrãs gigantes e cadeiras confortáveis, cadeirões de massagens, lojas de tudo e mais alguma coisa, etc.


Mas não ia ficar bem se não me fosse misturar um bocado, já me chegou ir ao Vaticano e não ter entrado na Capela Sistina – já estava fechada, e acho que aproveitei bem. Claro que a noite custou muito mais a passar do lado de fora mas, depois de muito passear as malas e de conhecer os quatro cantos do terminal, de dormitar nesta e naquela cadeira (á espera que se tornassem mais moles com o sono…), lá chegou o meu tempo.

Bem, eu tinha saído meio rápido do aeroporto, nem reparei muito bem; ou depois daquela espera do lado de fora, ao voltar a lá entrar… tudo alcatifado, tudo limpinho! Durante a noite tinha comprado um adaptador para as fichas de electricidade que não cheguei a usar (as únicas 3 fichas que havia no terminal tinham sido conquistadas por outros grupos de nómadas que acamparam por ali), mal entrei liguei o portátil, e toca de por em pratica o esquema de acesso grátis á Net que tinha andado a estudar durante a noite e a actualizar o blog já que a minha grande expectativa (o sistema de Tag pela Net) tinha saído furada – não funcionou. E se lá não funcionou, onde a ligação á Net parecia boa, aqui em Timor é que não deve dar mesmo; ainda assim um dia destes experimento para ver se tento tirar o sono a algum(a) tuga.

Entretanto depois daquelas horas de privação e sabendo que para onde ia não esperava ¼ daquelas condições, entusiasmo-me na net, no blog, no gmail, de tal forma que se não desligo aquilo naquele exacto minuto acho que tinha deitado por terra toda aquela espera do lado de fora e tinha perdido o avião!...quando chego apressado ao gate 3 de embarque já todos os funcionários sabiam o meu nome: ‘ Mr Pedro Barros?!!’ x4.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009



...depois foi fazer horas para esperar para o chekIn...:)! ag vou-me para uma realidade bastante diferente (antes que perca o aviao).



A viagem de bus foi fixe, gratis para o turista:), mas nada do outro mundo, a nao ser os amontoados de gente e a aglomeração de Shoping's a cada virar da esquina- um exagero.




...e esta ah!!!Aposto que nao sabem onde fica Portugal, mas o produto esta la :)...nao tive tempo de saber se isto tinha qualidade, etc (ia a caminho da tour em bus pa ver as luses de Natal da cidade) mas o aspecto estava la.




... fui jantar (se assim lhe quisermos chamar) á 'ChinaTown'. Aqui, o chino que contratei para me tirar a foto cortou, mas acompanhavam-me uma tigela com ervas e umas bolas de peixe a boiar numa sopa, e um prato de massa bem condimentado. Nao soube mal.

algumas fotos antes de nao ter net...



...á saida de um voo de 11:30 horas; a merecida massagem (muito bom o efeito destas maquinas nos pes), e uma companheira muito á altura! boa conversa com a Priscila das Filipinas, que esperava pelo voo de regresso para Copenhaga.