sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

so desfazer o erro de um desfecho que falei à tempos....afinal o recém nascido daquele parto nao teve o destino tragico que descrevi!Perdoem-me pelo erro, mas foi o "disqueDisse" e deu a confusão normal de um sitio onde há tantos partos e onde as comunicações sao deficientes ao ponto de facilmente se distorcer a mensagem.
Ah! Em resposta a algumas famílias, não tenho assim nenhuma lista especifica de desejos que tenha sentido, e as vezes esses desejos não são de coisas muito óbvias ;)! Esta semana senti água na boca de ouvir Led Zeppelin ;)!... senti saudades da força de uma boa onda de Atlântico!... de um guaraná fresquinho (este sim é um desejo mais óbvio, mas a parte do ‘fresquinho’ é difícil de satisfazer;)!)!...senti falta de um serão á lareira! …E das pessoas….xi…já nem vou por ai…;)!

Mas, para o caso de quererem fazer alguma doação, aconselho a preferirem/exigirem o “Correio Económico Internacional”, nos CTT, os preços são mais acessíveis e chega cá igual; qualquer coisa como 2,98 eur para encomendas até dois Kg.

PAI!....acabei de receber em mao a carta que me mandas-te junto com mais algumas coisas. Gostei muito de tudo (Obrigado a todos!), mas ler as letras que escreves-te....foi... Queria pedir-te para escreveres mais!....acho que faria bem aos dois...!
até ao regresso!

fotos de continuação da mensagem anterior





























Hoje realizou-se então mais uma viagem, para a qual já me tinha vindo a mentalizar á alguns dias. As vindas a Díli devem ser doseadas nomeadamente porque implicam uma alteração de ritmo a vários níveis :); e acaba por suscitar efeitos meios controversos em mim: é bom o contacto com as pessoas de longe, ler os mail’s, etc., mas dá também mais corpo á saudade e implica a renovação de algum esforço para me abstrair dela; é bom ter acesso também a um ou outro conforto ou guloseima, por exemplo, hoje já consumi as calorias equivalentes ás que consumi na semana passada :), mas este calor, esta chuva que so dá vontade de não fugir dela; e a viagem… ! mas resumindo: é bom, vale a pena pelos aspectos positivos, e penso que consigo encaixar as vantagens de ambos os sítios (Laclubar e Díli) á semelhança do que já faço com Chaves e Porto, se é que existe comparação.



Mas acontece que um motivos que me trouxe a Díli foi deixar regularizada a situação do visto. Assim que chegamos fui tirar fotos tipo passe e, enquanto estou na fila para o disparo tenho o meu olho de Malai activado e reparo no pormenor de um cabide com peças de roupa que os clientes experimentam, na tentativa de ficarem mais apresentáveis para a foto. Camisas, blaizers, etc., mas era mesmo so para a foto, porque a parte de trás ou estava rota ou descosida, ou com letras pintadas á mão (como os ovos Kinder:)!).



Bem, só depois me apercebi que em vez de estar de sensor ligado devia era ter deitado a mão a um casaquito, dessa maneira ficava registada a situação, e a foto não ficava como ficou. Explico: eu de t-shirt vermelha, o fundo era uma cortina que parecia bombazina vermelha…e no meio daquilo tudo aparece uma cara com olhos arregalados e barbicha castanha a contrastar com as maças do rosto, com expressão meio de espanto…:)!
Qualquer coisa como isto:













Não posso terminar estes textos sem fazer referência ao mercado de Laclubar. Cada vez que vou lá, mais a acompanhar o pessoal da casa a fazer compras, volto para casa com fotos que…!... partilho agora mais algumas:

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010



Numa outra ocasião fomos chamados para ir a Funar levar a parteira para tomar conta de mais um parto prestes a complicar-se – começo a aperceber-me que este é o problema mais comum por estas bandas, á semelhança de outros países menos desenvolvidos. Entretanto foi necessário transportar a senhora para o CS de Laclubar.







E lá vem ela, uma contracção aqui, outra ali (ainda espaçadas), mas pelo próprio pé (na imagem atrás do Ir Vítor) – já não se fazem mulheres destas :)….”ponde os olhinhos!”
Ao inicio desvalorizei o facto de as parteiras porem um resguardo no assento da senhora; mas depois percebi. Percebi que se o rebento não nasceu no caminho, atao é porque devia estar enviesado ou coisa do género, aos solavancos que o caminho nos proporcionava (apesar do cuidado do condutor)….ate me doía a mim, mas a senhora não sei como fazia, se trincava o lábio ou … estava ali na dela e quase não se dava pelos ‘ai’s’ dela.

14/01


14/01/10

Vou tentar fazer a compilação possível destes últimos dias, também pela pressão que senti (no bom sentido) depois de (re)visitar a minha caixa postal 100…:)!

A verdade é que por algumas razões, como o inicio de alguns trabalhos e alguma dissipação daquela euforia inicial de Malai recém chegado (alguma porque há sempre aquela percentagem que me acompanha sempre), não tenho tido a mesma disponibilidade para aquelas composições quase em tempo real do que se vai passando. Mas isso era algo que eu também já previa.

Antes de mais, só dizer que o meu portátil continua a dar provas de que não se esta a adaptar a estes ares (…), e também por isso estou a passar a usar mais um novo portátil que chegou recentemente, para dar também resposta aos trabalhos junto da Residência S. Ricardo Pampuri, o centro de internamento de doentes de Tuberculose, que é a infra-estrutura onde estou mais directamente envolvido e que tem este aspecto pacato.






Tem capacidade para cerca de 8 doentes (se não estou em erro) e, entre outros elementos, tem 5 pessoas “da terra” a fazer turnos la, mas que são também educadoras das populações através de sessões no Centro de saúde (á quarta feira) e de outras iniciativas (nas escolas, nas aldeias remotas, etc.) que estou a potenciar para que se voltem a realizar e não sejam um acto isolado de á dois anos atrás.
Para isso começaram já umas acções de esclarecimento de alguns conceitos sobre a doença e sobre o problema que ela representa. Isto dito assim quase não dá para imaginar a paródia que aquilo é; eu com um talento de explicador ainda por explorar, e com um sotaque que tem vindo a alterar-se e que esta ali na terra de ninguém e de todos – nem português nem tetun. Mas o esforço e vontade de ambas as partes é visível e reconhecido.

E sem dar mais pormenores, só dizer que o pessoal da Medicina D ficaria escandalizado com as precauções que se tem com estes doentes; eu já andei a meter algum medo aos funcionários a ver se têm algum mais cuidado…:)! Mas reconheço que desse lado as precauções também são exageradas!

À uns dias atrás fomos a uma aldeia (Soebada – acho que é assim que se escreve), buscar uns doentes de quem havia rumores de terem sintomas de TB e que se prolongavam á umas 2 semanas. A viagem supunha atravessar um rio, o que por vezes implica que isso seja impossível de fazer ou (ainda mais complicado) que se passe para o lado de lá e depois não seja possível regressar enquanto a corrente não baixe!

















Depois de algumas formalidades que não importa muito estar aqui a relatar, a senhora despediu-se da família, mas não abandonou a casa sem antes dar vida a um ritual castiço: um dos presentes, sustendo uma moeda na mão, fez com que a senhora passasse debaixo da moeda antes de iniciar viagem. Segundo o Ir Vítor, trata-se de um ritual para que os espíritos não fiquem zangados por ela abandonar o lar.

02/01

02/01/10

Só hoje me sinto a regressar ao meu estado normal. Entre adaptações varias, a minha parte digestiva tem andado totalmente desregulada e com sintomas vários :)!As minhas tentativas para contrariar esses sintomas (hidratação, dieta controlada e Ultra Levur:)!) não estavam a surtir efeito e já estava a iniciar contagem decrescente para iniciar tratamento com antibiótico que trouxe de Pt. Mas acontece que me tenho apercebido quão reais sãos os benefícios da medicina tradicional por estas bandas e da sabedoria de um dos frades (o Irm Zé Antonio) nessa área, e aproveitei a visita dele para me queixar da minha sintomatologia; ele no segundo a seguir e com a sua calma interminável receitou-ma chá de salsa!!!!...eu pensei : ‘bem! Isto vai-me saber a omeleta, mas não tenho nada a perder!’. Foi de efeito quase imediato; á segunda toma já estava recomposto, e aquilo até sabe bem! É caso para dizer: muitas vezes as soluções estão aos nossos pés….:)!

Seguindo o convite realizado á um par de dias atrás, hoje assistimos ao casamento de um funcionário do Centro de saúde (técnico de laboratório). Bem, podia escrever muita coisa e ia correr muitos riscos…:)!...só dizer que gostei (muito); a maneira como as coisas vao acontecendo, as posturas tímidas e os sorrisos escondidos … Claro que as diferenças são notórias, refiro-me as formalidades, etc., o resto vocês já devem imaginar.

Numa tentativa mais real de aproximar-vos da realidade, ficam algumas fotos.






































Ah! O noivo é o técnico que trabalha com os programas de TB aqui na zona; é com ele que planeio os rastreios e educações para a saúde, etc. – é um castiço!

31/12

Ultimo dia do ano. Juntamos a pequena família para passar um bom momento juntos, coisa simples, quase ao meu gosto, ficaram a faltar algumas pessoas (claro) e aquela dose de malandrice :)!
Improvisámos umas pizzas, mais umas sobremesas, uns confetis e uns balões..:)! …e lá se fez a festa possível. As 12 badaladas não foram emitidas por nenhuma estação televisiva; foram antes combinadas internamente, sempre com a esperança de que o gerador não fosse tão pontual. E não foi, este ‘maquinista’ é muito flexível e compreensivo, e é com base nessas duas qualidades que eu estou ainda a escrever mais estas palavras…!
Á margem disso, tenho que referir que hoje passei ao lado de uma grande foto. De manha fui ao mercado com o Ir Victor e, quando nos preparávamos para abandonar o espaço, vejo uma cabeça de um ‘Karau’ (estilo búfalo), recentemente separada do resto do corpo, a ser transportada rua acima por dois jovens, cada um a puxar por seu corno… foi uma imagem esquisita: o bicho ainda de olhos abertos e expressão muito viva, eles subiam a rua e a cabeça olhava para os que ficavam para traz, parecia que alguém foi ao menu ‘efeitos’ e apagou o resto do corpo do animal e como ele ficou sem pernas para poder andar, lá estavam os dois jovens a fazer a ultima boa acção do ano levando o bicho a passear :)!
Só dizer ainda que aqui á dias ocorreu-se-me que aqui os tipos da meteorologia não têm muita saída ou não têm que ter um grande leque de previsões ou símbolos que as representem porque o tempo é previsível quase ao minuto… nesta época é certo que á hora de almoço começa a chover, apesar de as manhãs serem de sol e calor, o que pode variar é se a trovoada começa logo ou se é mais ao fim da tarde/noite :). Mas hoje vi refutada essa teoria, hoje não choveu, hoje está um luar tão forte que a lanterna se torna desnecessária, e as estrelas fazem lembrar olhos que me seguem de longe…! Mas é estranho porque não senti aquela impressão nas artroses a avisar que o tempo ia mudar…:)!

29/12

29/12/09

Estes dias têm passado entre recepções e festividades várias: aniversários, Natal, etc.. a verdade é que, principalmente o meu estômago, não reagiu da melhor forma a tudo isso, e no dia de Natal, toda aquela expectativa á volta do bacalhau e afins foi quebrada por uma grande falta de apetite e mau estar gástrico (…)! Nos dias seguintes estive com regime específico, com sopa o mais parecido possível com canja de galinha…:) e agora já me sinto um bocado melhor – adaptação digestiva talvez…:)!
Fora isso, tudo correu pelo melhor. A cerimónia de Natal foi algo muito especial: a Igreja, toda aquela gente, aquele ambiente, aqueles cânticos, as danças… eu não percebia nada do que diziam (a não ser uma ou outra palavra; mas a ideia principal não devia diferir muito de uma cerimonia de Natal de outras partes do mundo). Tudo aquilo tornou especial aquele momento, que apenas se viu ameaçado com o som emitido pelas luzes do grande presépio que estava ao lado do altar, e que mais parecia vindo de uma ‘cana rachada’. Esteve ligado durante toda a cerimónia, emitindo em modo ‘repeat’ e num tom que se propagava por todo o espaço canções mundialmente conhecidas, mas com algumas variações de ritmo e falhas nas notas musicais, próprias de um qualquer produto chinês ou Indonésio…:)!
Começo a aperceber-me de algumas personagens aqui do sítio, e algumas são mesmo bem castiças. O Sr Malaquias é uma delas. Tenho como objectivo dos próximos tempos fazer-lhe uma sessão fotográfica, também para melhor perceberem do que falo. É uma pessoa com um posto muito especial aqui na aldeia, mas difícil de catalogar, não é presidente da junta nem chefe de suko nem sacristão, mas é uma mistura disso e de algo mais (talvez):)!
As idas a Dilii são realmente muito penosas para serem feitas sem motivos sólidos, ainda por cima com as frequentes nesta época e que reduzem o tempo útil dos dias ás manhas; de tarde é sempre chuva e trevoada. Por isso e porque o programa era ir num dia e regressar no seguinte, hoje estou sozinho em Laclubar, eles desceram todos e eu mandei o telemóvel no modo de silencio em minha representação …:)!