quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

24/01

É domingo. Aqui é também um dia diferente; depois da cerimónia que lhe pertence faço sempre por acompanhar alguém que esteja escalonado para ir ao mercado que neste dia é bastante mais povoado e concorrido que à quinta-feira : )! Raramente levo dinheiro, e o que trago são sacos de fotografias:


















Esta senhora como muitas outras, está a mascar uma substância que não fixei o nome...

Em dias de mercado, acontecem também os dias de ‘futu manu’ (luta de galos), e o peso e medida destes eventos costuma ser (segundo dizem) proporcional. As mulheres não são bem vindas, a hora não é fixa e o início depende de muitos factores circunstanciais (se há dinheiro para apostar, se não chove, etc.), e talvez por isso não tenha ainda estar perto disto que é tradição por estes lados. Das vezes que o tentei, ou não tinha começado nem se sabia para que horas estaria previsto o inicio, ou a ‘coisa estava fraca’ e via-se meia dúzia de pessoas dispersas pelo recinto na companhia da sua mascote (quase sempre presa por uma pata) que não deixavam que passassem dois segundos sem se ouvir o grito de uma delas (…).
Mas hoje consegui ver o recinto um pouco mais agitado, apesar de que tinha ideia de ser um evento mais animado; dizem-me que em Díli sim, há mais agitação, os recintos são mais e mais reduzidos o que da mais fervor a quem assiste – agendo a mim mesmo -uma visita a uma luta de galos em Díli. Por Laclubar as coisas são mais calmas, mais dispersas; no tempo que por lá estive, só observei uma ou duas picardias; pequenas achegas que se fazem para treino ou para testar os intervenientes.
A noite já estava a querer mostrar-se quando surge de algures o que ao longe parecia um andor sem procissão; 5 ou 6 homens transportavam entre dois grandes paus de bambu uma cadeira plástica modelo tipo de esplanada ocidental que segurava uma pessoa tão embrulhada naquele tecido que só mostrava a cara e os pés descalços.
O enfermeiro Adérito (enf. Director) que também estava presente no futu manu acolheu o andor no centro de saúde (que é paredes meias com o largo onde estávamos todos). Quando destapamos o homem, a tumefacção no tórax, a dificuldade em respirar, as dores… Pneummotorax, o ar já se espalhara por aqueles tecidos conferindo-lhes uma consistência diferente (característica). Ao que parece, um copo a mais, uma queda desajeitada e … Sem Rx, sem aspirador de baixa pressão etc. : ) as decisões foram a parte mais rápida: carta de transferência, soroterapia e mandar para Díli. A noite já tinha caído e pela frente ainda estavam cerca de 4 horas de dura viagem na ambulância vai permitido alguma resposta a este tipo de casos.

1 comentário:

  1. Ela masca "mama", como lhe chamam; é uma droga local que, dizem alguns locais, dá energia, tira a fome e o sono, diminui as dores. Belíssimas fotografias!

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